quarta-feira, dezembro 23

Ab libitum, ad saecula saeculorum...*


Estejais vós, caros pupilos, descansados do jugo que vos impele ao ócio do saber, do entender, do agir e quanto mais predicados vos seja lícito.
Ontem mesmo, minha reles pessoa recebeu uma ligação pedindo que eu comparecesse ao estabelecimento de ensino para assinar o livro sobre uma decisão tomada pelo "Primeiro Estado" de uma decisão que já fora tomada pelo corpo docente a respeito da reprovação de quatro alunos. Um dia após a decisão do conselho pela reprovação destes quatro, os mesmos docentes foram comunicados que aqueles, outrora reprovados, teriam sido aprovados, legalmente amparados pela LDB, a Lei de Diretrizes e Bases. Vamos à análise.
Primeiro, se esta lei regula a questão da educação, vejamos quais lacunas poderemos encontrar aí. O artigo 22, Seção I do Capítulo II sobre a Educação Básica diz que "A educação básica tem por finalidades desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores". Seria maravilhoso! Entretanto, com uma direção paternalista e assistencialista, qualquer escola, até o "Será-fim", está fadada a algazarra. Empurrar os alunos para as séries seguintes, não sei se lhes fornece meios , mesmo, progredir no trabalho e estudos posteriores: mal sabem conceitos básicos!
Segundo, não querendo fazer jus ao kantismo mas,já fazendo, os Imperativos Categóricos formulados por Kant dizem que o "valor moral" está no reto obedecer à norma, não de maneira arbitrária ou condicional, porém, pelo simples sentimento de obediência. É claro que o nosso amigo Kant era muito piegas. Entretanto, em se trantando de atitudes, como a que presenciei ontem, tudo é válido. A pedagoga me dissera que os alunos não poderiam ser reprovados porque "a LDB reza que os alunos que tenham atingido média 5.0 devem ser aprovados". E... eu revirei a LDB e não encontrei nada! Mas como não sou conformista, fui, pesquisei e encontrei numa webpage - www.conteudoescola.com.br - um comentário que diz o seguinte: "Poderão, alternativamente, ainda, ser conferidas notas às avaliações dos alunos, numa escala de zero a dez, sem fracionamento, resultando em média aritmética que equivalerá às menções, conforme segue: média igual ou maior que 8,0 (oito) – menção ÓTIMO; média igual ou maior que 5,0 (cinco) – menção SUFICIENTE; média menor que 5,0 (cinco) – menção INSUFICIENTE". Legal! Mas não houve médias igual ou maior que cinco, ou seja, INSUFICIENTE. No caso em que houve SUFICIÊNCIA, foi ultrapassado o percentual de faltas: a frequência dever ser no mínimo de 75% (Cf.http://www.conteudoescola.com.br/site/content/view/129/46/1/7/).
Outra coisa, se a média para se categorizar alguém como SUFICIENTE ou INSUFICIENTE é maior ou menor que 5.0, então por que a escola adota 6.0? Já sei! Porque, mesmo depois de o aluno alcançar uns 5.5 ou 5.9, por este argumento ele pode ser aprovado, ficando claro o porquê o "Primeiro Estado" ter passado por cima da decisão do conselho e, se o aluno, por ventura, conseguir notas maior que 6.0, fica claro que É LUCRO!
Forma indiscritível de burlar a "lei"! Tudo por causa de um 14.o salário em 2010 e para não entrar na Escola de Superação frente aos gráficos do IDEB (Índice de DESENVOLVIMENTO da Educação Básica). Hah, que hilário!
Portanto, a escola está para a Lei de Diretrizes e Bases, assim como, o aluno está para a Lei de Gérson, assim como, o professor está para a Lei de Murphy.
Estejais à vontade, pelos séculos dos séculos...*
No final das contas, é como o sambista Bezerra dizia: "malandro é malandro, mané é mané!"

segunda-feira, dezembro 21

O cúmulo do absurdo! O professor só pode ser palhaço!


Parece que os professores do "Será-fim" estão condenados a perpetuar a ignorância pela cidade de Astorga. Alunos passados como se fossem insignes estudantes das ciências humanísticas, biológicas e exatas, com o mais cândido semblante no rosto, chacotam os professores por tê-los passados.
Bom, até então, eu achava que o único profissional que dava atestado era o médico, mas, depois desta, vi que o professor também dá; mas não porque quer.
Pais, indignados com as reprovações, entram com recursos... tudo para preservar o status quo de tão bom aluno!
Eu, por exemplo, tive - isto mesmo - TIVE de aprovar um aluno que sequer vi na sala todo o bimestre. Como foi aprovado? Pelo conselho! E, aos professores, o único conselho que dão é: aprove o aluno... é melhor pra você!!!
O mundo está falido... Astorga também! Diga-se de passagem que, uma aluna veio me perguntar, em uma dada ocasião, o que seria "ênfase". Muito bem! Mas ela me disse "enfase" e eu achei que era "em fase de...". Ela me afirmou com todas as forças: "enfase", e escreveu no quadro: "E-N-F-A-S-E". Aí que me toquei: "Ê-N-F-A-S-E". Tudo bem! O que é um acento cincunflexo se o conselho passa o dito cujo sem saber a diferença de um acento circunflexo, diferencial, sílaba tônica e quejandos? O FATO é que ano que vem ela estará numa série ulterior a que estava este ano. E vocês sabem: CONTRA FATOS NÃO HÁ ARGUMENTOS!
Sabe como me sinto? Um palhaço! Um asno vestido de letrado!
Àqueles que entoam o hino da vitória, meus pêsames... Se a escola se dirimi no poder de cobrar, a vida o fará... e é bem pior!!! Apesar de haver muitos alunos bons, a sua grande maioria se mostrou "boa para nada". Ter de dar nota sem, ao menos, o aluno ter feito uma avaliação e tudo por causa "do sistema".
É, meus liberaizinhos, vocês estão conseguindo o que querem. Enquanto isto fico assistindo à bancarrota do ensino aqui do meu mundinho!
Aquele abraço!

sábado, dezembro 19

Educação de qualidade...


Caros amigos,
parece que educação de qualidade é uma prerrogativa quase religiosa apregoada aos quatro ventos. Mas, na prática, não é bem isto que acontece.
Brasileiro nato,"quase" divorciado, professor e inconformado! A relapsia com que é tratada a educação na cidade de Astorga, no ensino fundamental, já se tornou caso de polícia. Na verdade, esta escola,"Será-fim", está entregue à barbárie.
Há algumas semanas, um "aluninho" entrou na sala em que estava lecionando, jogando bola! Poderia ser jucundo se não fosse melancólico... Tomei a bola do aluno e pedi que saísse e fosse para sua sala. Ele tomou todo o meu material da mesa, se dirigiu para o fundo da sala e ameaçou jogar tudo pela janela caso eu não devolvesse a bola. Tive de chamar, é claro, as "profissionais" da educação. O que aconteceu? NADA!!!
A partir disto, comecei a avaliar minha breve atuação. Sentado em uma cadeira e submetido aos "inquisitores", tive de me explicar sobre algumas coisas que NÃO disse para uns alunos de 7.a série cuja reclamação se originou de um pai que "não quis se indentificar". É, os alunos riam sorrateiramente de mim, comemorando a "enrabada" que o professor havia levado: a injustiça perdurou!
Falo para vocês que este pai - se é que foi ele - não tem o mínimo de vergonha na cara porque sequer se identificou: aí fica a incógnita!
O fato é que nesta escola "tudo é permitido" e a balbúrdia em que se encontra dá margem para que tudo possa acontecer: professores quase levando carteiradas e pedradas na cabeça, prédio depredado, funcionários à beira da loucura e alunos... NUMA BOA! Por quê? Porque temos de "entendê-los", porque são frutos de casamentos avariados, vidas destruídas pelo álcool e drogas etc.
Bom, aí eu me pergunto: E DAÍ? Só por causa disto temos de encarar uns alunos com atitudes delinqüentes e animalescas, que destroem o bem público, que mandam os professores para "aquele lugar" e que sabem que nada vai acontecer! Por quê? Minha resposta: equipe pedagógica e direção estão FALIDAS e digo mais. Aquela "eca" do ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, mais esta pedagogia pífia e neoliberal atreladas ao paternalismo e ao populismo são grandes responsáveis por esta porcaria de educação a que assistimos e que está ruindo; tudo regado ao mais bucólico e otimista discurso pedagógico: "não é bem assim professor, temos de entendê-los!"
Tudo bem! A situação eu entendi. A única coisa que ainda não consegui entender é o que se passa pela consciência, já meio opaca, do "Primeiro Estado" e que fim isto pode ter. É esperar para ver: eles fingem que aprendem e nós que ensinamos!